NÃO RESISTÊNCIA

Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil. Mateus 5:38-41.

Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar ã ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor. Romanos 12:19.

Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. Romanos 12:21.

O ensino (do caminho da vida) é esta: Abençoem aos que lhes amaldiçoam, orem por seus inimigos, jejuem pelos que lhes perseguem. Se amam aos que lhes amam, que gratidão merecerão? O mesmo fazem os pagãos. Ao invés, amem aos que os odeiam, e não terão já inimigos. Abstenham-se dos desejos carnais e mundanos. Se alguém te pega na bochecha direita, volta-lhe também a outra, e então serás perfeito. Se alguém te pedir que lhe acompanhes uma milha, vê com ele duas. Se alguém quiser tomar tua capa, deixa-lhe também a túnica. Se algum se apropria de algo que te pertença, não se o voltes a pedir, porque não podes fazê-lo. Didaquê (80-140 d.C.)

Mostremos que somos seus irmãos com nossa mansidão ; mas sejamos zelosos em ser imitadores do Senhor, animando-nos uns a outros para conseguir ser o que sofre a maior injustiça, o que é mais defraudado, o que é mais destituído, para que não fique nem uma senha doo diabo entre vocês, senão que em toda pureza e temperança permaneçam em Jesus Cristo com sua carne e com seu espírito. Ignácio (105 d.C.)

Desde Síria até Roma vim lutando com as feras, por terra e por mar, de dia e de noite, vindo atado entre dez leopardos, ou seja, uma companhia de soldados, os quais, quanto mais amavelmente se lhes trata, pior se comportam. No entanto, com seus mal tratos chego a ser de modo mais completo um discípulo; pese a tudo, não por isso sou justificado. Ignácio (105 d.C.)

(Uma descrição dos cristãos) Amam a todos os homens, e são perseguidos por todos. Não se faz caso deles, e, pese a tudo, se lhes condena. Se lhes dá morte, e ainda assim estão revestidos de vida… Se fala mal deles, e mesmo assim são reivindicados. São escarnecidos, e eles abençoam; são xingados, e eles respeitam. Ao fazer o bom são castigados como malfeitores. Epístola a Diogneto (125-200 d.C.)

Não devolvendo mal por mau ou burlas por burlas, ou golpe por golpe, ou maldição por maldição; senão recordando as palavras que disse o Senhor quando ensinou: Não julguem, para que não sejam Juizos. Perdoem, e serão perdoados. Tenham misericórdia, para que possam receber misericórdia. Com a medida que medem, se lhes medirá a vocês; e também: abençoados os pobres e os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino de Deus. Policarpo (135 d.C.)

Os que nos odiávamos e matávamos, e não compartilhávamos o lar com ninguém de outra raça que a nossa, pela diferença de costumes, agora, depois da aparição de Cristo, vivemos juntos e rogamos por nossos inimigos. Justino Mártir (160 d.C.)

Suas palavras sobre o exercício da paciência, e sobre o estar prontos a servir e alheios à ira, são estas: a quem te golpeie numa bochecha, apresenta-lhe a outra, e a quem queira tirar-te a túnica ou o manto, não se o impeças. Mas quem quer que se irrite, é culpado do fogo. A quem te contrate para uma milha, acompanha-lhe duas. Brilhem, pois, suas obras adiante dos homens, para que as vendo admirem a seu Pai que está nos céus. Não devemos, pois, oferecer resistência. Justino Mártir (160 d.C.)

Aprendemos a não devolver golpe por golpe nem também não a apresentar demandas na contramão dos que nos saqueiam e roubam. Não só isso, senão que aos que nos dêem numa bochecha, aprendemos a voltar-lhe a outra também. Atenágoras (175 d.C.)

O que não queiram que se lhes faça a eles não o fazem a outros. Aos que os agravam, exortam-nos e tratam de fazer-se amigos, põem empenho em fazer bem a seus inimigos, são mansos e modestos. Atenágoras (175 d.C.)

Usando o ensino do Senhor: segundo sua palavra… Não só proibiu odiar aos demais, senão que ordenou amar aos inimigos. Não unicamente proibiu falar mal do próximo, senão que mandou não chamar ao outro esvaziamento ou estúpido, sob pena de cair no fogo da gehenna. Não só ensinou a não golpear a outro, senão que, se alguém nos golpeia, a apresentar-lhe a outra bochecha. Não se limitou a dispor que não temos de roubar o alheio, senão também a não lhe reclamar ao outro que nos tirou o nosso; e não unicamente proibiu fazer o mau ou ferir ao próximo, senão que mandou fazer o bem com generosidade a quem nos tratam mau e orar por eles para que se convertam e se salvem. Não temos de imitar, pois, aos outros nas ofensas, os desejos e o orgulho. Irineu (180 d.C.)

Por isso o Senhor… em vez de simplesmente pagar o dízimo, ordenou repartir os bens entre os pobres; não amar só ao próximo, senão também ao inimigo; e não unicamente estar dispostos a dar e compartilhar senão também a dar generosamente àqueles que nos arrebatam nossos bens: “Se alguém te tira a túnica, dá-lhe também o manto; não lhe reclames ao outro o que te arrebata; e trata aos demais como queres que eles te tratem.” De maneira que não devemos entristecer-nos de má vontade quando algo nos tiram, senão que o demos voluntariamente, inclusive que nos alegremos mais dando ao próximo por graça que cedendo à necessidade: “Se alguém te obriga a caminhar com ele uma milha, acompanha-o outras duas,” de maneira que não o sigas como um escravo, senão que tomes a dianteira como um homem livre. Deste modo te farás sempre útil em tudo a teu próximo, não olhando sua malícia senão só tratando de exercitar a bondade, para fazer-se semelhante ao Pai, “o qual faz sair seu sol sobre maus e bons, e chover sobre justos e injustos” Irineu (180 d.C.)

Mas se a lei da liberdade, isto é, a palavra de Deus que os Apostolos, saindo de Jerusalém, anunciaram por toda a terra, provocou tal transformação que as espadas e as lanças se convertem em arados e em foices que Ele nos deu para ceifar o trigo (isto é que os mudou em instrumentos pacíficos), e em lugar de aprender a guerrear, aquele que recebe um golpe põe a outra bochecha, então os profetas não falaram de nenhum outro, senão do que realizou estas coisas. Irineu (180 d.C.)

O que se comprometeu a seguir a Cristo, deve eleger uma vida singela, sem necessidade de servidores, e viver o dia. Porque não somos educados para a guerra, senão para a paz. Clemente de Alexandria (195 d.C.)

AOS cristãos não lhes é permitido usar a violência para corrigir as faltas do pecado. Clemente de Alexandria (195 d.C.)

Mas é precisamente esta eficácia do amor entre nós (os cristãos) o que nos atrai o ódio de alguns que dizem: olhem como se amam, enquanto eles se odeiam entre si. Olha como estão dispostos a morrer o um pelo outro, enquanto eles estão dispostos, mais bem, a matar-se uns a outros. O fato de que nos chamemos irmãos o tomam como uma infâmia. Tertuliano (197 d.C.)

O cristão não sabe ofender nem a seus próprios inimigos. Tertuliano (197 d.C.)

Que diferença há entre o provocador e o provocado? A única diferença é que o primeiro foi o primeiro em fazer o mau, mas o último o fez depois. Cada um está condenado ante os olhos do Senhor por ferir a um homem. Porquanto Deus proíbe e ademais condena toda maldade. Quando se faz um mau, não se toma em conta o ordem… O mandamento é absoluto: não se paga mal por mau. Tertuliano (200 d.C.)

Como foi possível que a doutrina de paz do evangelho, a qual não lhes permite aos homens vingar-se nem sequer de seus inimigos, prevalecesse em toda a terra, a não ser que à chegada de Jesus tivesse sido introduzido um espírito mais aprazível? Orígenes (225 d.C.)

Jesus Cristo calava quando se proferiam contra ele falsos depoimentos, e não respondia a seus acusadores, pois tinha a persuasão de que toda sua vida e as obras que tinha feito entre os judeus eram mais poderosas para refutar os falsos depoimentos do que as palavras e do que os discursos de defesa contra as acusações. Orígenes (225 d.C.)

E daí dizer de que não deves jurar, nem falar mau, nem exigir o que te tiraram; o de oferecer a outra bochecha depois de receber a bofetada; que deves perdoar a teu irmão que te ofendeu não só setenta vezes sete, senão todas as ofensas; que deves amar a teus inimigos, que deves rogar pelos adversários e perseguidores? Poderias talvez levar todos estes preceitos se não fora pela fortaleza da paciência? Cipriano (250 d.C.)

Quando sofremos semelhantes coisas ímpias, não resistimos nem sequer de palavra. Mais bem, deixamos-lhe a vingança a Deus. Lactâncio (304-313 d.C.)

O cristão não prejudica a ninguém. Ele não deseja a propriedade dos demais. De fato, ele nem sequer defende a sua própria sé se a tiram por meio da violência. Porquanto ele sabe como suportar pacientemente um malfeito em seu contra. Lactâncio (304-313 d.C.)

Não nos resistimos aos que nos magoam, porque devemos ceder ante eles. Lactâncio (304-313 d.C.)

Se todos nascemos do primeiro homem, criado por Deus, somos certamente consangüíneos, e por isso deve considerar-se um grande crime odiar ao homem, ainda que em algum caso este seja culpado. Deus nos ordena que não demos lugar a inimizades e ódios, e que façamos o que esteja de nossa parte para que desapareçam; isto é, que socorramos a nossos inimigos quando se encontrem em necessidade. Lactâncio (304-313 d.C.)

Porque se todos recebemos a vida de um só Deus, que somos senão irmãos?... E já que somos irmãos, Deus nos ensina a nunca fazer o mal a outro, senão só o bem, auxiliando aos oprimidos e abatidos, e dando comida aos famintos. Lactâncio (304-313 d.C.)

VER TAMBÉM DEMANDAS ANTE A LEI; GUERRA; VIDA DOS CRISTÃOS, O ESTILO DE

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