O Reino Dos Céus

Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida? Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras. Mateus 16:26-27.

Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, enquanto as que se não vêem são eternas. 2 Coríntios 4:18-5:1.

Porque sabemos que, se a nossa casa do mundo deste templo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no meio de uma geração corrupta e perversa, entre a qual resplandeceis como luminares no mundo. Filipenses 2:14-15.

Sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo. Filipenses 3:8.

Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado ã destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra. Colossenses 3:1-2.

Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições; pois por um lado fostes feitos espetáculo tanto por vitupérios como por tribulações, e por outro vos tornastes companheiros dos que assim foram tratados. Pois não só vos compadecestes dos que estavam nas prisões, mas também com gozo aceitastes a espoliação dos vossos bens, sabendo que vós tendes uma possessão melhor e permanente. Hebreus 10:32-34.

Saiamos pois a ele fora do arraial, levando o seu opróbrio. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a vindoura. Hebreus 13:13-14.

Para que, no tempo que ainda vos resta na carne não continueis a viver para as concupiscências dos homens, mas para a vontade de Deus. 1 Pedro 4:2.

Grande é a fé e o amor que habita em vocês devido à esperança de vida. Barnabé (70-130 d.C.)

Aborreçamos o extravio do tempo presente, a fim de ser amados no por vir. Barnabé (70-130 d.C.)

Os confines mais afastados do universo não me servirão de nada, nem também não os reinos deste mundo. É bom para mim o morrer por Jesus Cristo, mais bem do que reinar sobre os extremos mais afastados da terra. Ignácio (105 d.C.)

Meus desejos pessoais foram crucificados, e não há fogo de anseio material algum em mim, senão só água viva que fala dentro de mim, dizendo-me: Vêem ao Pai. Não tenho deleite no alimento da corrupção ou nos deleites desta vida. Ignácio (105 d.C.)

(Os cristãos) não têm em consideração o mundo e desprezam a morte. Epístola a Diogneto (125-200 d.C.)

(Uma descrição dos cristãos) Sua existência está na terra, mas sua cidadania está no céu. Obedecem as leis estabelecidas, e ultrapassam as leis em suas próprias vidas. Epístola a Diogneto (125-200 d.C.)

O alma, ainda que em si imortal, reside num templo mortal (o corpo); assim os cristãos residem no meio de coisas perecíveis, enquanto esperam o imperecível que está nos céus. Epístola a Diogneto (125-200 d.C.)

Então amarás e admirarás aos que são castigados porque não querem negar a Deus; então condenarás o engano e o erro no mundo; quando te dês conta que a vida verdadeira está no céu, quando desprezes a morte aparente que há na terra, quando temas a morte real, que está reservada para aqueles que serão condenados ao fogo eterno que castigará até o fim aos que se entregaram ao mesmo. Então admirarás aos que suportam, por amor à justiça, o fogo temporário (aos Martires), e os terás por ditosos. Epístola a Diogneto (125-200 d.C.)

Sabendo, pois, que não trouxemos nada a este mundo nem também não nos levaremos nada dele, alistemo-nos com a armadura da justiça, e ensinemo-nos primeiro a andar no mandamento do Senhor. Policarpo (135 d.C.)

Por tanto, exorto-lhes a todos a ser obedientes à palavra de justiça e a suportá-lo tudo, segundo viram com seus próprios olhos em… Paulo e no resto dos Apostolos; estando persuadidos de que todos estes não correram em vão, senão em fé e justiça, e que estão em seu lugar devido na presença do Senhor, com o qual sofreram também. Porque não amaram ao mundo presente, senão àquele que morreu por amor a nós e foi ressuscitado por Deus para nós. Policarpo (135 d.C.)

Porque por esta causa lhe é impossível ao homem atingir a felicidade, já que convidam aos temores dos homens, preferindo o goze deste mundo à promessa da vida vindoura. Porque não sabem Quão grande tormento arca o goze de aqui, e o deleite que proporciona a promessa do vindouro. Segunda de Clemente (150 d.C.)

Ainda que tenham que sofrer aflição durante um tempo breve no mundo, recolherão o fruto imortal da ressurreição. Por tanto, que não se aflija o que é piedoso se vive em desgraça nos dias presentes, pois lhe esperam tempos de felicidade. Segunda de Clemente (150 d.C.)

E não permitas também não que isto turve tua mente, que vejamos que os ímpios possuem riquezas, e os servos de Deus sofrem pobreza. Tenhamos fé, irmãos e irmãs. Estamos militando nas filas de um Deus vivo; e recebemos treinamento na vida presente, para que possamos ser coroados na futura. Segunda de Clemente (150 d.C.)

Por tanto, irmãos, não apreciemos nossa vida neste mundo e façamos a vontade do que nos chamou, e não tenhamos medo de apartar-nos deste mundo. Porque o Senhor disse: Serão como cordeiros no meio de lobos… Sabem, irmãos, que a vida da carne neste mundo é desprezível e dura pouco, mas a promessa de Cristo é grande e maravilhosa, a saber, o repouso do reino que será e a vida eterna. Que podemos fazer, pois, para obtê-los, senão andar em santidade e justiça e considerar que as coisas deste mundo são estranhas para nós e não as desejar? Porque quando desejamos obter estas coisas nos discorríamos do caminho reto. Mas o Senhor disse: Ninguém pode servir a dois senhores. Se desejamos servir ao mesmo tempo a Deus e a riquezas, não sacaremos nenhum benefício: Porque que ganhará um homem se consegue todo mundo e perde sua alma? Agora bem, este mundo e o futuro são inimigos. O um fala de Adulterio e contaminação e avareza e enganos, enquanto o outro se despede destas coisas. Por tanto, não podemos ser amigos das duas, senão que temos de dizer adeus a um e ter amizade com o outro. Consideremos que é melhor aborrecer as coisas que estão aqui, porque são desprezíveis, duram pouco e perecem, e amar as coisas de ali, que são boas e incorruptíveis. Segunda de Clemente (150 d.C.) Sabem que vocês os servos de Deus estão vivendo num país estrangeiro (o mundo); porque sua cidade (o céu) está muito longe desta cidade. Por conseguinte, se conhecem sua cidade, na qual viverão, por que adquirem campos aqui, e fazem custosos preparativos, e acumulam edifícios e habitações desnecessários? Por tanto, o que prepara estas coisas para esta cidade não tem intenção de regressar a sua própria cidade. ¡Oh homem néscio, de ânimo indeciso e desgraçado!, não vês que todas estas coisas são estranhas, e estão sob o poder de outro? Porque o senhor desta cidade dirá: “Não quero que este resida em minha cidade; vê-te desta cidade, porque não te conformas a minhas leis.” Tu, pois, que tens campos e moradas e muitas outras posses, quando sejas jogado por ele, que farás com teu campo e tua casa e todas as outras coisas que preparaste para ti? Porque o senhor deste país te diz com justiça: “Ou bem te conformas a minhas leis, ou abandonas meu país.” Que farás, pois, tu que estás sob a lei de tua própria cidade? Por amor a teus campos e ao resto de tuas posses recusarás tua lei e andarás conforme à desta cidade? Vigia que não te seja inconveniente o desprezar tua lei; porque se queres regressar de novo a tua própria cidade, com toda segurança não serás recebido [porque desprezaste a lei de tua cidade], e se te excluirá dela. Vigia, pois; como residente numa terra estranha não prepares mais para ti, como não seja o estritamente necessário e suficiente, e estejas preparado para que, quando o senhor desta cidade deseje jogar-te por tua oposição a sua lei, possas partir desta cidade e ir a tua própria cidade, e usar tua própria lei prazenteiramente, livre de toda ofensa. Hermas (150 d.C.)

Mas os que albergam maus propósitos em seus corações, arcam a morte e a cativeiro , especialmente os que reclamam para si mesmos este mundo presente, e se jactam de suas riquezas, e não se aderem às coisas boas que têm de vir. Hermas (150 d.C.)

E a segunda, a que está cingida e tem o aspecto enérgico de um homem, chama-se Continência; é a filha da Fé. Tudo o que a segue, pois, será feliz em sua vida, porque se absterá de todo ato mau, crendo que, sé se abstém de tudo mau desejo, herdará a vida eterna. Hermas (150 d.C.)

Em primeiro lugar, o que tem o Espírito, que é de acima, é manso calmo e humilde, e se abstém de toda maldade e vão desejo deste mundo presente Hermas (150 d.C.)

Já que não fixamos nossos pensamentos no presente, não nos preocupamos quando os homens nos levam à morte. Justino Mártir (160 d.C.)

Mas estando persuadidos que de toda esta vida presente temos de dar conta ao Deus que nos criou a nós e que criou ao mundo, escolhemos a vida moderada, piedosa e desprezada. Atenágoras (175 d.C.)

Tendo, pois, esperança da vida eterna, desprezamos as coisas da vida presente e ainda os prazeres do alma. Atenágoras (175 d.C.)

Talvez aqueles que tomam como máxima de sua vida o ‘comamos e bebamos, que amanhã morreremos’... deverão ser considerados como pessoas piedosas? E a nós se nos olhará como gente ímpia, nós que estamos convictos de que a vida presente é de curta duração e tem pouco valor, nós que estamos animados pelo só desejo de conhecer ao Deus verdadeiro… nós, que sabemos que a vida que esperamos será superior a quantas possam pensar-se, contanto que deixemos o mundo limpos de toda culpa e amemos aos homens até tal extremo de não amar somente aos amigos? Ainda uma vez mais, nós que somos tais e que levamos uma vida digna para evitar o Juizo, teremos que passar por ser tidos como ímpios? Atenágoras (175 d.C.)

Aos que progridem no conhecimento de Cristo o Senhor, fala-lhes com esta linguagem: ordena-lhes desprezar as coisas deste mundo e lhes exorta a fixar seu atendimento somente no Pai, imitando aos meninos. Por esta razão lhes diz: “Não se preocupem pelo dia de manhã; que o dia de amanhã trará sua fadiga: basta ao dia seu afã.” Assim manda que deixemos a um lado as preocupações desta vida para unir-nos somente ao Pai. Clemente de Alexandria (195 d.C.)

O eleito (o cristão) vive como um estrangeiro, sabendo que tudo o tem a sua disposição, mas o tem de deixar tudo... Usa do corpo, como o que faz uma viagem a terras usa das pousadas e vendas que encontra em seu caminho. Certamente tem cuidado das coisas do mundo, pois é o lugar onde tem de fazer pousada; mas quando tem de deixar esta morada e esta posse e o uso dela, segue de boa vontade ao que lhe saca desta vida, sem voltar-se jamais a olhar para trás sob nenhum pretexto. Dá graças para valer pela pousada recebida, mas abençoa o momento de sair dela, pois almeja como sua única mansão a celestial. Clemente de Alexandria (195 d.C.)

Esta é parte de uma carta dirigida a cristãos encarcerados em tempos de perseguição.

No cárcere se entristece o que suspira pelas ditas do mundo; mas o cristão, que afora tinha renunciado ao mundo, no cárcere despreza ao mesmo cárcere. Em nada lhes preocupe a casta que ocupam neste século, já que estão fora dele. Se um pouco de este mundo perderam, grande negócio é perder, se perdendo ganharam algo muito melhor. E ¡quanto terá que dizer do prêmio destinado por Deus para os Martires! Tertuliano (197 d.C.)

Calmos, modestos, seguros da bondade de nosso Deus, somos reconfortados pela esperança da felicidade futura e pela confiança em sua grandeza presente. Assim, ressuscitaremos felizes e vivemos já da contemplação do porvir. Marco Minucio Félix (200 d.C.)

(Os cristãos estão) passando constantemente com sua razão e com todas suas palavras e obras dos assuntos desta vida a Deus, apressando-se por chegar a sua cidade. Orígenes (225 d.C.)

(O cristão) sempre se está preparando para a vida verdadeira e apartando-se dos prazeres desta vida que enganam à maioria. Orígenes (225 d.C.)

A única tranqüilidade verdadeira e de confiança, a única segurança que vale, que é firme e nunca muda, é esta: que o homem se retire das distrações deste mundo, que se assegure sobre a rocha firme da salvação, e que levante seus olhos da terra ao céu… O que é em verdade maior do que o mundo nada deseja, nada almeja deste mundo. Quão seguro, quão imóvel é aquela segurança, quão celestial a proteção de suas bênçãos sem fim, ser livre das armadilhas deste mundo enganador, ser limpo da lixo da terra e preparado para a luz da imortalidade eterna. Cipriano (250 d.C.)

Temos de pensar, irmãos amados, e reflexionar sobre o mesmo: que renunciamos ao mundo e que vivemos aqui durante a vida como hóspedes e viajantes. Abracemos o dia que a cada um assinala seu lar, uma vez escapados deste mundo e livres de seus laços, que nos restitua a nosso reino e Paraiso. Quem, estando longe, não se apressa a voltar a sua pátria? Quem, a ponto de embarcar-se para ir aos seus, não deseja ventos favoráveis para poder abraçá-los quanto antes? Nós temos por pátria o Paraiso, por pais aos patriarcas; por que, pois, não nos apressamos e voltamos para ver a nossa pátria e saudar a nossos pais? Esperam-nos ali muitas de nossas pessoas queridas, sente-nos a numerosa multidão de pais, irmãos, filhos, seguros de sua salvação, mas preocupados ainda pela nossa. ¡Que alegria tão grande para eles e nós chegar a sua presença e abraçá-los, que prazer desfrutar lá do reino do céu sem temor de morrer e daí dita tão soberana e perpétua com uma vida sem fim! Ali o coro glorioso dos Apostolos, ali o grupo dos profetas gozosos, ali a multidão de inumeráveis Martires que estão coroados pelos méritos de sua luta e sofrimentos, ali as virgems que triunfaram da concupiscência da carne com o vigor da castidade, ali os galardoados por sua misericórdia, que fizeram obras boas, socorrendo aos pobres com esmolas, que, por cumprir os preceitos do Senhor, transferiram seus bens terrenos aos tesouros do céu. Corramos, irmãos amados, com insaciável anseio depois destes, para estar em seguida com eles; desejemos chegar cedo a Cristo. Veja Deus estes pensamentos, e que Cristo contemple estes ardentes desejos de nosso espírito e fé. Ele outorgará maiores favores de seu amor aos que tiverem maiores desejos dele. Cipriano (250 d.C.)

Para que não sejam corrompidos por uma vida suave como seus antepassados, foi a vontade de Deus que sejam oprimidos por quem sob cujo poder estavam postos. Há outra razão por que Ele permite a perseguição na contramão de nós. É para que o povo de Deus cresça em número. E não é difícil demonstrar como ocorre isto. Primeiro, grandes multidões deixam de adorar aos deuses falsos, vendo a crueldade destes. Segundo, quem não desejaria saber que coisas tão nobres temos para estar dispostos a defendê-las até a morte? Que coisas valem mais do que todas as coisas agradáveis e apreciadas nesta vida? Porque nem a perda de seus bens, nem o ser privados da luz, nem a dor corporal, nem as torturas de seus membros internos, podem apartar aos cristãos das coisas (que estes amam). Estas coisas têm grande efeito, e sempre resultam no aumento do número de nossos seguidores. Lactâncio (304-313 d.C.)

Pois o que escolhe as coisas temporárias, não atingirá as eternas. E o que prefere as coisas do mundos, não obterá as celestiais. Lactâncio (304-313 d.C.)

VER TAMBÉM CASTIGOS E GALARDÕES ETERNOS; CRISTIANISMO; MUNDO, SEPARAÇÃO DO; VIDA DOS CRISTÃOS, O ESTILO DE

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